07/01/2013
José Francisco Neto,
da Reportagem do Brasil de Fato
Prédio foi ocupado por cerca de 200 sem-teto na madrugada desta segunda (7)
Foto: Douglas Pereira Gomes
|
No
mesmo horário, integrantes do Movimento de Moradia da Região Central
(MMRC) ocuparam um prédio de quatro andares na Rua General Couto
Magalhães, no bairro da Luz, no centro.
“Nosso objetivo, assim
como em todas as outras ocupações, é mostrar para a sociedade que
existem muitos imóveis, públicos e particulares, não cumprindo a função
social da propriedade”, relata Luiz Gonzaga da Silva (Gegê), coordenador
da CMP.
Atualmente, 13% das casas e dos apartamentos da região
central estão vazios - o equivalente a 22.087 unidades, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em toda a
cidade, há cerca de 130 mil famílias sem moradia, conforme estimativa da
Secretaria Municipal de Habitação. Procurada, a pasta não se posicionou
sobre as ocupações até o fechamento desta matéria.
Tumulto
Enquanto
as famílias sem-teto entravam no prédio do bairro Belém, um grupo de
adolescentes, residentes da região, começou a jogar pedras contra as
janelas do imóvel. Apesar da presença da Polícia Militar (PM), que nada
fez diante do tumulto, os jovens conseguiram, inclusive, entrar no
prédio. “Eles fazem isso porque se sentem no direito de entrar no prédio
também. Eles acham que o prédio é deles”, disse um morador ao Brasil de Fato.
Após
duas horas de tensão - e depois de muito diálogo - a situação foi
tranquilizada. Assustadas, algumas famílias relataram que nunca passaram
por uma situação como essa.
Entretanto, Donizete Sanchez,
militante do movimento, esclarece que esses jovens também são vítimas do
mesmo sistema de exclusão social. “Não podemos criminalizá-los, como o
Estado faz. Na verdade, eles também são vítimas do sistema que nos
oprime. Só que eles não têm a consciência que nós temos, que só através
da luta organizada dos trabalhadores é que conseguiremos o que é nosso
por direito”, explica Sanchez.
Nenhum policial militar presente no
momento do tumulto quis gravar entrevista. Até o fechamento dessa
matéria, Gegê, coordenador da CMP, disse que a situação na ocupação
estava tranquila.
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